19º Congresso do Departamento de Pressão Arterial da SBC

Dados do Trabalho


Título

Hipotensão ortostática está relacionada à aterosclerose coronária em população com diabetes mellitus tipo 2

Introdução e/ou Fundamento

A hipotensão ortostática (HO) é um marcador de mau prognóstico no diabetes tipo 2 (DM2) e resulta, pelo menos parcialmente, de arteriosclerose, disfunção autonômica e glicotoxicidade; todas as características envolvidas também na aterosclerose. Por isso, o objetivo deste resumo é determinar se esta população tem um risco aumentado de aterosclerose coronária.

Métodos

O estudo é uma análise transversal e predefinida do Brazilian Diabetes Study, uma coorte prospectiva de centro único de DM2. Após 3 minutos de repouso com os braços na altura do coração, os participantes tiveram a pressão arterial (PA) aferida 3 vezes com intervalo de 1 minuto entre cada aferição e foi considerada a média das duas últimas. A PA ortostática foi então medida como a PA obtida após 1 minuto de pé. A HO foi definida como uma queda da PA sistólica ou diastólica ortostática > 20mmHg e > 10mmHg, respectivamente, quando comparada à PA sentada. Para analisar a calcificação coronariana foi utilizado o equipamento BiographTM mCT. Com ele, foram realizados cortes de 3mm de espessura, limitados à área cardíaca e que foram sincronizados de acordo com os traçados eletrocardiográficos, através de tomografia computadorizada. Ademais, foram considerados, na época da realização do estudo, calcificações áreas com imagens hipoatenuantes com mais de 130 Unidades de Hounsfield e área maior que 3 pixels adjacentes. Para testar essa hipótese, realizou-se regressão binária utilizando-se a presença de calcificação coronária como dependente e a variação negativa, por 1mmHg, da pressão arterial sistólica.

Resultados

A calcificação coronariana foi detectada em 28,2% de nossa amostra de 418 indivíduos. Em análise univariada, cada queda de 1mmHg da pressão arterial sistólica correspondeu à aumento em 3,1% no risco de calcificação coronariana (RR: 1,031; IC95%: 1,012-1,050; p= 0,001). Esta relação foi atenuada, mas manteve-se estatisticamente significativa após ajuste por idade, com risco relativo de 1,024 (IC95%: 1,005-1,043; p= 0,011). Essa relação manteve-se após ajuste pelos fatores tradicionais de calcificação coronariana (idade, sexo masculino, hipertensão e dislipidemia), com aumento em 2,1% no risco da variável dependente para cada queda de 1mmHg da pressão arterial sistólica (IC95%: 1,001, 1,041; p= 0,045). De forma contrastante, a queda da pressão arterial sistólica não se relacionou ao risco de placa carotídea (RR: 1,002; IC95%: 0,987, 1,017; p= 0,781) ou ao risco de espessamento médio-intimal (RR: 0,996; IC95%: 0,981, 1,011; p= 0,580).

Conclusões

A HO está relacionada ao risco aumentado de doença arterial coronariana. O risco de doença coronariana relacionou-se diretamente à queda de pressão arterial sistólica em ortostase.

Área

Hipertensão

Autores

ANA RAQUEL WHITAKER FILIPE, JOAQUIM BARRETO, ANDREI CARVALHO SPOSITO