19º Congresso do Departamento de Pressão Arterial da SBC

Dados do Trabalho


Título

Avaliação do efeito do avental branco pela MAPA em hipertensos resistentes em tratamento ambulatorial

Introdução e/ou Fundamento

O diagnóstico de hipertensão arterial resistente (HAR) pressupõe maior risco cardiovascular e metas rigorosas para o controle da pressão arterial (PA). Pacientes com HAR possuem maior prevalência do efeito do avental branco (EAB) - diferença entre a medida da PA de consultório e a medida da PA fora do ambiente médico pela monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA). Por esse motivo, encontrar métodos diagnósticos de menor custo, disponíveis na atenção primária, não influenciáveis por fatores confundidores como o EAB e que auxiliem na definição de metas pressóricas e na titulação medicamentosa desses pacientes é uma demanda relevante. Este estudo transversal visa confirmar e quantificar o EAB, pela MAPA, em duas modalidades de medida da PA: a PA de consultório e a medida automática da PA sem a presença de profissional de saúde, nos pacientes com HAR em acompanhamento ambulatorial.

Métodos

Foram selecionados consecutivamente, até o momento, 25 pacientes de ambos sexos, maiores de 18 anos, com diagnóstico de HAR no consultório, confirmado pela MAPA e excluídas causas secundárias de hipertensão. Após aplicação do TCLE, as aferições da PA de consultório durante consulta médica, da MAPA e as medidas automáticas foram realizadas conforme a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial de 2020, em período inferior a duas semanas entre elas. As medidas da pressão no consultório foram realizadas com o aparelho digital de braço OMRON HEM-7122 pelo médico atendente e as três medidas automáticas da PA sem profissional da saúde foram realizadas em sala silenciosa, com o aparelho OMRON HEM-7349T e com intervalo de um minuto entre as medidas. Os dados obtidos foram expressos em médias e desvio-padrão e foram utilizados testes paramétricos e não paramétricos para análise dos resultados. Para a verificação de significância estatística, foram considerados intervalos de confiança de 95,0% e p < 0,05.

Resultados

Dentre os pacientes incluídos no estudo, 65% eram mulheres, com média de 57,1 ± 9,7 anos e 84% apresentavam, ao menos, uma das seguintes comorbidades: diabetes mellitus, obesidade e/ou dislipidemia. Ademais, 76% dos pacientes já estavam em uso de quatro ou mais classes de anti-hipertensivos para controle da PA. Com relação à comparação do EAB utilizando os valores de consultório, 84% tiveram EAB significativo, média de diferença entre as PA sistólicas e diastólicas de 20,1 ± 10,2 e 10,6 ± 6 mmHg, respectivamente. Na comparação do EAB utilizando os valores de medida sem profissional de saúde, 64% tinham EAB com média de diferença entre as PA sistólicas e diastólicas de 11,8 ± 5 e 8,3 ± 4,4 mmHg, respectivamente. Na correlação dos valores obtidos com o coeficiente de Pearson, o resultado foi: PAS MAPA versus PAS consultório - r = 0,44 (-0,05 - 0,75); PAD MAPA versus PAD consultório - r = 0,63 (0,38 a 0,89); PAS MAPA versus PAS sem profissional de saúde - r = 0,75 (0,34 - 0,86); PAD MAPA versus PAD sem profissional de saúde - r = 0,83 (0,58-0,93).

Conclusões

A medida da PA automática sem profissional de saúde minimizou o EAB quando comparada à medida de consultório e demonstrou melhor correlação com os valores de PA obtidos pela MAPA. Nesse contexto, a continuidade do estudo é importante para analisar os valores dentro de um intervalo de confiança menor com uma maior amostra e validar o uso desse método na prática clínica para estipulação de metas pressóricas e titulação medicamentosa adequada para os pacientes.

Área

Hipertensão

Autores

Isabela Pavan Alves, Maria Teresa Nogueira Bombig, Henrique Tria Bianco, Rui Manoel dos Santos Póvoa, Weverton Ferreira Leite, Yona Afonso Francisco, Francisco Antonio Helfenstein Fonseca, Maria Cristina de Oliveira Izar