19º Congresso do Departamento de Pressão Arterial da SBC

Dados do Trabalho


Título

Correlação dos baixos níveis de vitamina D com hiperatividade simpática e disfunção endotelial em mulheres

Introdução e/ou Fundamento

O excesso de peso é um fator de risco para alterações vasculares e metabólicas. Os níveis séricos de vitamina D estão bem correlacionados com a saúde cardiovascular e metabólica. O objetivo deste estudo transversal foi avaliar os índices antropométricos e a função vascular em indivíduos obesos ou com sobrepeso com níveis subótimos de vitamina D [25(OH)D < 30 ng/ml].

Métodos

Neste estudo, adultos de ambos os sexos (40 a 69 anos) com índice de massa corporal (IMC) ≥25 e < 40 kg/m² foram submetidos a análises bioquímicas, antropométricas e de composição corporal por bioimpedância (BIA). Parâmetros hemodinâmicos centrais foram avaliados através de método oscilométrico com Mobil-O-Graph®, a função endotelial por hiperemia reativa pós-oclusiva (HRPO) com Laser Speckle Contrast Image e a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) com o Polar® Verity Sense. Os pacientes (n=78) foram divididos de acordo com a mediana dos níveis séricos de vitamina D em dois grupos (n=39 cada) denominados vitamina D subótima (SD; 22-29 ng/ml) e vitamina D baixa (BD; < 22 ng/ml). Na análise estatística, as variáveis contínuas foram confirmadas como distribuição normal e analisadas usando Teste t de Student. Os resultados são apresentados como média ± desvio-padrão para as variáveis contínuas. A análise das correlações entre as variáveis foi realizada para obter o coeficiente de Pearson. Os resultados foram obtidos com o auxílio do software Statistical Package for Social Sciences® (SPSS, Chicago, Illinois, USA) versão 25.0.

Resultados

Os grupos apresentaram média de idade semelhante (52±1 anos). No grupo BD, o sexo masculino apresentou maior IMC (30,3±0,9 vs 34,0±1,4 kg/m², p=0,047), circunferência da cintura (CC) (108±2 vs 119±4 cm, p=0,019), relação cintura quadril (RCQ) (0,96±0,01 vs 1,01 ± 0,02), relação cintura-estatura (RCE) (0,61±0,01 vs 0,67±0,02, p=0,036), índice de conicidade (1,36±0,01 vs 1,41±0,02, p=0,017 ) e percentual de gordura corporal (%GC) com base na BIA (28±1 vs 34±1, p=0,005). Não houve diferença significativa entre os grupos na função vascular, nos parâmetros hemodinâmicos periféricos e centrais e na VFC. Na avaliação da função endotelial, o grupo BD apresentou menor aumento percentual na área sob a curva (%AUC-HRPO) (76±8 vs 57±5%, p=0,050). Em relação ao sexo, os níveis de vitamina D apresentaram correlação inversa com RCE (r=-0,63; p=0,004), IMC (r=-0,51; p=0,024) e %GC (r=-0,49; p=0,030) em homens, e com IAV (r=-0,28; p=0,030), TG (r=-0,28; p=0,035) e LF:HF (r=-0,26; p=0,045) em mulheres. Além disso, a vitamina D também apresentou correlação positiva com %AUC-PORH somente nas mulheres (r=0,27; p=0,039).

Conclusões

Nesta população com sobrepeso ou obesidade, níveis séricos mais baixos de vitamina D foram relacionados à maior gordura corporal nos homens, enquanto nas mulheres houve maior associação com adiposidade visceral, desequilíbrio autonômico e disfunção endotelial.

Área

Clínica Médica

Autores

Caroline Lyra Moreira, Adriana de Castro Carvalho Faria , Michelle Rabello da Cunha , Samanta Mattos, Wille Oigman, Mario Fritsch Toros Neves