19º Congresso do Departamento de Pressão Arterial da SBC

Dados do Trabalho


Título

Dissecção coronariana espontânea de múltiplos vasos no cenário de síndrome coronariana aguda: relato de caso.

Introdução e/ou Fundamento

Mulher, 42 anos, admitida com dor torácica irradiada para membro superior esquerdo, intensa, associada a náuseas e iniciada durante atividade física. Exame físico, eletrocardiograma e ecocardiograma iniciais normais. Recebeu AAS e isordil. Apresentou troponina inicial 87,89 com pico 23.000. Durante a internação foi realizado diagnóstico de síndrome coronariana aguda sem supra de ST. Realizou coronariografia, que demonstrou dissecção espontânea de primeira diagonal, circunflexa e primeira marginal, associado a presença de hematoma intramural.
Na discussão de heart team foi definido manter estratégia conservadora. Houve redução da troponina e melhora dos episódios de dor.
Após estabilização clínica realizou investigação reumatológica e vascular com angiotomografia de aorta torácica e abdominal sem achados. Apresentou doppler de carótidas normal e sorologias (b2gliptn/cardiolipinas/sm/dna/fr/rnp/la/ro) não reagentes. Recebeu alta, estável, com programação de teste genético ambulatorial.

Métodos

Revisão de prontuário para relato de caso

Resultados

A dissecção espontânea da artéria coronária é uma causa rara e não aterosclerótica de síndrome coronariana aguda, particularmente entre mulheres jovens e indivíduos com poucos fatores de risco ateroscleróticos. Possui associação com fatores hormonais, doenças reumatológicas, genéticas e precipitantes ambientais, físicos e emocionais. O diagnóstico preciso é fundamental para fornecer o suporte precoce e definir o tratamento (conservador x intervenção). Nesse perfil de pacientes, a intervenção coronária tem menor sucesso técnico e risco elevado de complicações. O manejo deve ser individualizado com o objetivo de aliviar os sintomas bem como redução de risco de complicações e tratamento da disfunção ventricular. Muitos necessitam de revascularização de urgência, geralmente devido a extensão da dissecção.

Conclusões

O tratamento da síndrome coronariana aguda na mulher mostrou-se um desafio nas emergências. É importante que a doença seja conhecida visto que, o diagnóstico e tratamento adequados evitam iatrogenias e conferem melhor qualidade de vida. Sendo assim, este trabalho torna-se relevante para alertar sobre a possibilidade de casos semelhantes ainda sem diagnóstico ou com tratamento inadequado. Deve-se também, salientar a necessidade de novos estudos para avaliar o benefício do tratamento intervencionista, uma vez que, ainda não está bem definido qual perfil clínico e anatômico se beneficia deste tipo de tratamento.

Área

Cardiologia

Autores

Júlia Galvani Nobre Ferraz, Karolyne Moura Rique Dressler de Espíndola, Luiz Felipe Porrio de Andrade, Andreia Dias Jerônimo, Rafael Domiciano, Flávia Renno Troiani, Vinícius Santiago de Lima