Dados do Trabalho

Título

PREVALÊNCIA DOS FENÓTIPOS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL EM PACIENTES COM HIPERTENSÃO RESISTENTE: UM ESTUDO DE MEDIDA RESIDENCIAL DA PRESSÃO ARTERIAL

Introdução e/ou Fundamento

Excluir a hipertensão do avental-branco é etapa obrigatória para o diagnóstico da hipertensão arterial resistente. Este estudo comparou a prevalência dos fenótipos de hipertensão arterial em pacientes com hipertensão resistente (HAR), de acordo com os valores de normalidade de pressão arterial (PA) definidos pelas Sociedades Brasileira, Europeia e Americana de Cardiologia.

Métodos

Avaliamos retrospectivamente dados de PA obtidos no consultório e na monitorização residencial da PA (MRPA) de 197 pacientes portadores de HAR, isto é, em uso de 03 ou mais classes de anti-hipertensivos em doses otimizadas sem o controle da pressão arterial (PA) ou de 04 ou mais classes em doses otimizadas com controle da PA acompanhados em um Hospital Universitário. Classificamos os fenótipos utilizando as metas pressóricas de normalidade brasileira (PA consultório < 140/90mmHg e MRPA < 130/80mmHg), europeia (PA consultório < 140/90mmHg e MRPA < 135/85mmHg) e americana (PA consultório < 130/80mmHg e MRPA < 130/80mmHg) em Hipertensão Sustentada Não Controlada - HSNC (PA anormal no consultório e na MRPA), Hipertensão do Avental-Branco Não Controlada - HABNC (PA anormal no consultório e normal na MRPA), Hipertensão Mascarada Não Controlada - HMNC (PA normal no consultório e anormal na MRPA) e Hipertensão Controlada - HC (PA normal no consultório e na MRPA). Utilizamos o teste do qui-quadrado para comparação das prevalências dos fenótipos.

Resultados

A população deste estudo era em sua maioria do sexo feminino (65,5%), tinha idade média de 59 ± 12 anos, e apresentava 42% de diabéticos. As médias de PA no consultório foram de 154 ± 29 / 91 ± 18mmHg e de 141 ± 25 / 85 ± 17mmHg na MRPA. Os pacientes utilizavam em média 4,5 ± 1,2 classes de anti-hipertensivos.
As prevalências dos fenótipos encontrados foram de: 62,9% de HSNC, 13,7% HABNC, 12,7% HMNC e 10,7% HC pelas metas brasileiras; 55,4% de HSNC, 21,3% HABNC, 8,1% HMNC e 15,2% HC pelas metas europeias; e 68,5% de HSNC, 16,8% HABNC, 7,1% HMNC e 7,6% HC pelas metas americanas. Houve diferença estatisticamente significativa na prevalência dos fenótipos de acordo com os valores de normalidade de PA preconizados pelas diferentes sociedades (p <0,001).

Conclusões

A HABNC foi mais frequente utilizando-se os valores de normalidade de PA europeus e menos frequente utilizando-se os valores de normalidade de PA brasileiros. Portanto, a mudança dos valores de normalidade repercute na prevalência de hipertensão resistente verdadeira.