19º Congresso do Departamento de Pressão Arterial da SBC

Dados do Trabalho


Título

Neuropatia autonômica cardiovascular e alterações da hemodinâmica vascular durante monitorização ambulatorial da PA (MAPA) em pacientes diabéticos tipo 2

Introdução e/ou Fundamento

Introdução:
A Neuropatia Autonômica Cardiovascular (NAC) é uma importante complicação do Diabetes Mellitus 2 (DM). Sua presença está associada a pior prognóstico e declínio da qualidade de vida, porém, mesmo com alta prevalência e importante impacto sob a morbidade e mortalidade cardiovascular, essa condição clínica é subdiagnosticada.

Objetivo:
Avaliar NAC e o comportamento da pressão arterial (PA) durante MAPA em pacientes portadores de DM com duração menor que 10 anos (Grupo DM < 10 ano); e maior que 10 anos (Grupo DM > 10 anos) com o método de análise da variabilidade da frequência cardíaca (VFC).

Métodos

Casuística e Métodos:
81 pacientes foram divididos em dois grupos:
Grupo DM < 10 anos – N=50
Grupo DM > 10 anos – N=31.
Para avaliação da função autonômica, foi realizada análise da variabilidade espontânea de uma série de intervalos RR do eletrocardiograma no domínio do tempo (análise temporal) e no domínio da frequência (análise espectral), de forma combinada ou exclusiva, com auxílio de um frequencímetro Polar® Heart Rate Sensor H7 (Polar Electro Oy, Kempele, Finlândia), e um software dedicado chamado Kubios (HRV – Finland)
O índice de atividade parassimpática foi calculado usando a variabilidade RR, a raiz quadrada da média dos quadrados das diferenças de intervalos RR (RMSSD) e o desvio padrão dos pontos RR perpendiculares à linha de identidade (SD1).
O índice de atividade simpática foi calculado usando a média da frequência cardíaca (FCM), o índice de Baevsky (SI) e o desvio padrão dos pontos RR ao longo da linha de identidade (SD2).
O índice de atividade parassimpática foi calculado usando a variabilidade RR, a raiz quadrada da média dos quadrados das diferenças de intervalos RR (RMSSD) e o desvio padrão dos pontos RR perpendiculares à linha de identidade (SD1).
O índice de atividade simpática foi calculado usando a média da frequência cardíaca (FCM), o índice de Baevsky (SI) e o desvio padrão dos pontos RR ao longo da linha de identidade (SD2).
Análise estatística foi realizada usando o Teste t pareado ou Wilcoxon. Os valores foram expressos como média ± desvio padrão para dados paramétricos, e mediana com intervalo interquartil para dados não paramétricos. Para comparação entre os grupos foi utilizado o teste t não pareado Os dados categóricos foram expressos como porcentagens e números absolutos. Para a análise dos dados, foram utilizados os programas GraphPad Prism versão 6 para software Windows (GraphPad Software, San Diego Califórnia EUA) e SPSS 24 (USA). A significância estatística adotada foi α <0,05.

Resultados

Resultados
Os principais resultados deste trabalho mostraram:
1) Redução da atividade parassimpática caracterizada pelo achado de valores negativos do índice de atividade do sistema nervoso parassimpático (SNP) estão 0,86 DP abaixo da média para a população normal da mesma faixa etária - calculada no software Kubios - no grupo DM < 10 anos e estão 1,27 DP abaixo da média para população normal no grupo DM > 10 anos. A comparação deste parâmetro entre os grupos DM < 10 anos versus DM > 10 anos não mostrou diferença estatística p = 0,27.
2) Aumento dos valores do índice de atividade nervosa simpática (SNS) em relação à média populacional para mesma faixa etária. No grupo DM < 10 anos, estão 1,64 DP acima da média para população normal e, no grupo DM > 10 anos, estão 2,86 DP acima da média para população normal. Todavia a comparação deste parâmetro entre os grupos DM < 10 anos versus DM > 10 anos não mostrou diferença estatística p = 0,22.
Embora significantes, as alterações da atividade autonômica em pacientes com diabetes mellitus há menos de 10 anos e após esse período, não se correlacionaram com alterações hemodinâmicas, excetuando-se elevação significante da PAD em vigília registrada durante monitorização ambulatorial da PA (MAPA).

Conclusões

Conclusões:
Os resultados deste trabalho confirmam a presença de disfunção autonômica em pacientes com DM2 com história de diagnóstico há menos de 10 e mais de 10 anos, caracterizadas por redução da atividade do sistema nervoso parassimpático e aumento da atividade do sistema nervoso simpático
A severidade da disfunção do sistema nervoso parassimpático e simpático resulta do tempo de exposição à doença e descontrole glicêmico.
A MAPA mostrou elevação significante da PAD em vigília, que pode estar relacionado a aumento da ativação simpática constante.

Área

Hipertensão

Autores

Louise Buonalumi Tacito Yugar, Larissa Morete Caieiro da Costa, Luis Gustavo Sedenho-Prado, Tatiana Palotta Minari, Carolina Freitas Manzano, Tatiana Azevedo Rubio, Lucia Helena Bonalume Tacito, Antonio Carlos Pires, Jose Fernando Vilela-Martin, Juan Carlos Yugar-Toledo