19º Congresso do Departamento de Pressão Arterial da SBC

Dados do Trabalho


Título

EPLERENONA, A TROCA QUE VALE O CUSTO? UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA COMPARATIVA DO NOVO ANTAGONISTA DA ALDOSTERONA E DA ESPIRONOLACTONA NA POPULAÇÃO MASCULINA

Introdução e/ou Fundamento

O antagonismo dos receptores de mineralocorticoides (MRAs) é uma possível via terapêutica por intermédio de medicamentos como a espironolactona e a eplerenona. No entanto, a eficácia e efeitos colaterais variam entre ambos, ressaltando a importância de uma estratégia de prescrição individualizada. Essa pauta se torna ainda mais evidente com a introdução da eplerenona (Inspra®) em 2022 no território brasileiro. A presente pesquisa concentrou-se numa revisão comparativa tanto do efeito anti-hipertensivo quanto do perfil de efeitos adversos (EAs) de ambos medicamentos para buscar um equilíbrio entre um tratamento otimizado e o bem-estar do(s) paciente(s).

Métodos

Foram incluídos apenas estudos com pacientes portadores de hipertensão arterial sistêmica (HAS) em uso de MRAs. As comparações se referiam a espironolactona vs. eplerenona e ambos medicamentos vs. placebo no tratamento da HAS, com um acompanhamento mínimo ≥ 30 dias, levando em conta o perfil de EAs de cada fármaco. Os bancos de dados utilizados foram o PubMed e The Cochrane Library, usando (eplerenone OR "mineralocorticoid receptor antagonist") AND (spironolactone OR eplerenone) AND (safety OR "side-effects") como estratégia de busca. Dos 518 resultados individuais, apenas três ECRs e uma revisão sistemática (todos em inglês) foram contemplados. O autor principal realizou o screening inicial dos títulos e resumos, enquanto as avaliações de textos completos empregaram o Rayyan SRS e foram executadas por todos os revisores de forma independente. Discrepâncias foram resolvidas de forma colaborativa.

Resultados

(1) Eficácia: A eplerenona produziu reduções substanciais na pressão arterial sistólica e diastólica (PAS = -9,35 ± 3,05 mmHg, PAD = -6,4 ± 0,95 mmHg, p < 0,001 contra placebo), mas a espironolactona demonstrou ser mais potente no que diz respeito à propriedade anti-hipertensiva (PAS = -27 ± 2,3 mmHg, PAD = -12,5 ± 1,3 mmHg, p < 0,001 contra placebo) quando comparada ao mais recente medicamento.
(2) Tolerabilidade: A eplerenona mostrou-se muito bem tolerada e segura nas dosagens testadas, apresentando um perfil de EAs favorável em relação às disfunções do sistema endócrino masculino quando comparada à espironolactona (37% vs. 63%, respectivamente), como o desenvolvimento e/ou piora da ginecomastia (4,5% vs. 21,2%, p = 0,033) e distúrbios de ereção.

Conclusões

Os resultados destacam uma interseção importante na tomada de decisão sobre o tratamento da HAS com MRAs. A espironolactona, embora mais eficaz na redução da pressão arterial, apresenta um desafio devido aos seus potenciais EAs antiandrogênicos. Por outro lado, a eplerenona, apesar de possuir menor ação anti-hipertensiva, é melhor tolerada, com um perfil de EAs consideravelmente mais promissor na população descrita. Assim, preconiza-se uma abordagem individualizada na prescrição desses agentes por meio da apreciação de suas diferentes propriedades.

Área

Hipertensão

Autores

Guilherme Requião Radel Neto, Lucas Bittar de Morais, Laís Trovão de Carvalho, Igor Radel Ribeiro