19º Congresso do Departamento de Pressão Arterial da SBC

Dados do Trabalho


Título

Perfil das internações por Hipertensão Primária no território brasileiro: um estudo transversal dos últimos 5 anos

Introdução e/ou Fundamento

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma condição crônica que se caracteriza por níveis pressóricos elevados e sustentados, diagnosticada quando a pressão arterial sistólica (PAS) é maior ou igual do que 140 mmHg e/ou a pressão arterial diastólica é maior ou igual do que 90 mmHg, aferidas em duas ou mais consultas, na ausência de medicação anti-hipertensiva. Possui etiologia primária ou secundária, em que aquela correlaciona-se com forte componente genético associado a outros fatores de risco, como sobrepeso, obesidade e hábitos de vida, sem ter mecanismo totalmente elucidado. É responsável por grande parte das mortes, hospitalizações e atendimentos no Brasil, devido a sua correlação com mortes por causas cardíacas, cerebrovasculares e lesões nos órgãos-alvo. Este estudo transversal busca analisar todas as internações decorrentes de Hipertensão Primária nos últimos 5 anos da Unidade Federativa.

Métodos

Realizou-se utilizando dados disponíveis no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) do DATASUS. Foram incluídas todas as internações hospitalares por Hipertensão Primária entre o período de junho de 2018 a junho de 2023.

Resultados

No intervalo em foco, houve 218.534 internações em todo o território brasileiro, com destaque para a região nordeste, sudeste e norte, representando, respectivamente, 38%, 32% e 12%. Foi identificado um predomínio em cerca de 45% na população parda e 25% na branca, sendo que 46.364 do total não se tinha informação relativa à cor/raça. Identificou-se 75% na faixa etária entre 50 a 80 anos e mais, tendo 23% associação com idades entre 60 a 69 anos e pouca importância nos primeiros 14 anos de vida. Ocorreu prevalência estimada de cerca de 57% no sexo feminino, com aumento no número de casos com o envelhecimento dos indivíduos. Quase na totalidade, ou aproximadamente 95%, o caráter de atendimento foi de urgência, com gasto totalizando em cerca de 88 milhões nesse período.

Conclusões

Esta doença, de modo direto ou indireto, reduz a qualidade de vida relacionada à saúde e a expectativa de vida dos indivíduos, devido a sua associação com alterações metabólicas e funcionais e estruturais de órgão-alvo, apesar de permanecer majoritariamente assintomática. Predomina no sexo feminino em todas as faixas etárias no território nacional, com aumento no número de casos sobretudo a partir dos 50 anos, o que pode corresponder à pós-menopausa e a ausência do efeito protetor do estrogênio, alterando vasoatividade arterial. Esse fato pode interferir na comparatividade com alguns estudos que atribuem menor taxa de internação para as mulheres no geral, pelo fato delas apresentarem melhor controle da pressão e maior cuidado com a saúde. A maior prevalência em adultos-idosos provavelmente correlaciona-se com os efeitos da HAS e as suas alterações irreversíveis no organismo, o que é manifesto a partir de várias patologias. Além disso, é visto que essa condição gera altos custos médicos-financeiros, o que sobrecarrega o sistema público de saúde, indicando a necessidade de difusão de orientações não-farmacológicas e farmacológicas e fornecimento de plano de tratamento individualizado, a fim de melhor controle pressórico.

Área

Cardiologia

Autores

Rebecca Maria Nogueira De Sousa, Laiany Oliveira De Jesus, Ariadne Gomes Farias, Paula Bezerra Novaes, Pedro Diógenes Peixoto De Medeiros, Rejane Helena Pereira Lins