19º Congresso do Departamento de Pressão Arterial da SBC

Dados do Trabalho


Título

Combate e Prevenção da Hipertensão: Ação Educativa para a População de Rondônia

Introdução e/ou Fundamento

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) consiste na persistência de valores maiores ou iguais a 140mmHg de pressão arterial sistólica (PAS) e/ou 90mmHg de pressão arterial diastólica (PAD) em aferições recorrentes. Pode, ainda, confirmar-se em única aferição, desde que com valor maior ou igual a 180mmHg/PAS e/ou 110mmHg/PAD. Geralmente assintomática, é o principal fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, tendo em vista lesionar órgãos-alvo a longo prazo. Durante o triênio 2019-2021, o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do DATASUS registrou 1.160 óbitos no estado de Rondônia causados por doenças hipertensivas. Globalmente, a OMS estima 600 milhões de pessoas com HAS, prevendo aumento de 60% até 2025. Nesse cenário, ganham importância as ações de educação em saúde, tidas como atividades de capacitação da população para o controle de fatores determinantes e comportamentos de saúde. Para tal fim, promoveu-se ação educativa alusiva ao Dia Mundial da Hipertensão, 26 de abril, para orientar a população do estado de Rondônia sobre o combate e prevenção da HAS.

Métodos

Pesquisa descritiva com dados coletados por método de conveniência em 30/04/2023, durante ação realizada em shoppings de três cidades de Rondônia: Porto Velho, Ji-Paraná e Cacoal. Informações sobre o estilo de vida e hábitos de saúde foram coletadas em questionário objetivo. Aferiu-se a pressão arterial (PA) dos entrevistados por técnica oscilométrica, com o auxílio de monitores semiautomáticos digitais validados pela ANVISA e INMETRO. Para sensibilizar a população rondoniense sobre o assunto, distribuiu-se material impresso informativo no local da coleta dos dados, bem como cardiologistas e estudantes de medicina que participaram presencialmente ofereceram orientações e esclareceram dúvidas sobre a doença. Ademais, médicos voluntários participaram de telejornais com expressivo alcance regional.

Resultados

Amostra de 463 pessoas, de 6 a 88 anos, 57% mulheres e 43% homens. Sobre estilo de vida, 53% alegaram prática de atividade física ao menos uma vez na semana, enquanto 42% não praticam. Sobre tabagismo, 7% fumam, 13% são ex-fumantes e 80% alegaram nunca terem fumado. 121 pessoas (26% dos entrevistados) apresentaram PA elevada, isto é, aferição com valor maior ou igual a 140mmHg/PAS e/ou 90mmHg/PAD, sendo 8 destes com valor maior ou igual a 180mmHg/PAS e/ou 110mmHg/PAD. Ocorre que, dentre os 73 entrevistados que afirmaram fazer uso de algum medicamento anti hipertensivo, 31 pessoas (42%) estavam com a PA elevada. Além disso, 90 entrevistados estavam com a PA elevada e, ao responderem o questionário, não confirmaram fazer uso de qualquer tratamento medicamentoso.

IDADE PORTO VELHO JI-PARANÁ CACOAL TOTAL
Menor de 18 anos 23 6 1 30
18 a 29 anos 88 39 10 137
30 a 49 anos 114 36 19 169
50 a 69 anos 69 17 27 113
70 anos ou mais 10 3 0 13
Não informaram 1 - - 1
TOTAL 305 101 57 463

CONDIÇÕES DE RISCO / ESTILO DE VIDA PORTO VELHO JI-PARANÁ CACOAL TOTAL
Atividade física semanal
Não praticam 143 51 30 224
Uma vez ou mais 162 50 27 239

Tabagismo
Fumam 19 11 3 33
Ex-fumantes 47 7 5 59
Nunca fumaram 238 83 49 370
Não informaram 1 - - 1

Medicamentos anti hipertensivos
Fazem uso 43 14 16 73
Não fazem uso 219 66 36 321
Não informaram 43 21 5 69

Média anual de consultas médicas
Menos de uma vez ao ano 47 12 21 80
Uma vez ao ano 25 9 9 43
Duas vezes ao ano 15 4 2 21
Mais de duas vezes ao ano 12 4 6 22
Não informaram 206 72 19 297

Pressão arterial (PA)
PA elevada (1) 75 19 27 121
PA normal (2) 230 82 30 342

Legenda
(1) ≥ 140mmHg (PAS) ou ≥ 90mmHg (PAD)
(2) < 140x90mmHg

Conclusões

Todos os entrevistados que tiveram valores elevados de PA foram orientados a buscar acompanhamento médico, principalmente devido ao fato de que, para a maioria, o diagnóstico só se confirmaria com alterações persistentes da pressão arterial. Na ocasião, um número relevante de pessoas que afirmaram fazer uso de anti hipertensivos apresentaram PA elevada, de modo que o tratamento revelou-se ineficaz, ainda que a investigação dos motivos da ineficácia não tenha sido escopo da ação. Os dados coletados demonstraram, ainda, baixo índice de consultas médicas anuais por parte dos entrevistados. A HAS tem alta prevalência, é de fácil diagnóstico e possui tratamento adequado, embora o controle seja difícil pela baixa adesão. Destaca-se a importância, além do diagnóstico preciso, de que o acompanhamento médico seja regular, possibilitando ao profissional conduzir o melhor manejo terapêutico, inclusive com rastreio e prevenção naqueles casos em que os pacientes não apresentem a patologia. Por fim, quanto à sensibilização da população de Rondônia acerca da hipertensão arterial, a ação concretizou-se de maneira pontual e relevante, fazendo alusão ao Dia Mundial da Hipertensão, distribuindo material informativo, concedendo entrevistas em jornais televisivos locais, esclarecendo dúvidas da população com a participação de cardiologistas e estudantes de medicina nos locais de coleta de dados, orientando a população sobre o combate e prevenção da HAS, ressaltando a importância do estilo de vida e hábitos saudáveis como forma de prevenção primária em saúde.

Área

Hipertensão

Autores

Marcus Vinicius Infante, Thaís Souza Gonzales, Gabriele Ferreira da Silva, Aline Gomes Barrozo, Mariana Menezes Rondon, Isabeli Mansano Pardi Pardi, Marcelo Salame, Jhonathan Gouveia da Mota, João Roberto Gemelli, Marcos Rosa Ferreira